quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Batismo

Como dar nome a um filho? Difícil escolha, muitos esperam o nascimento para ver com que nome se parece, outros fazem homenagens, outros fazem pesquisas e também tem aqueles que já gostam do nome há muito tempo. Com um projeto é parecido. Será que o nome que escolhermos será a cara do documentário?
No início queríamos escolher o nome do filme quando estivesse pronto, como se fosse a cereja do bolo. Mas a entrega do pré-projeto nos fez precipitar essa escolha ja que não poderia ser apresentado sem um nome. Já havíamos pensado em algumas hipóteses e durante uma viagem que fiz à Araçatuba naquela semana de entrega também anotei algumas possibilidades, mas nada que fosse "a cara" do documentário. De volta, dia em que fui de mala e cuia para nosso "QG" improvisado finalizar 30 páginas de projeto, precisávamos de um nome.

As três davam sugestões, algumas até engraçadas, mas nada que se encaixasse. Resolvi então pegar um dos muitos livros espalhados pela mesa e abrir em uma página qualquer para ver qual palavra o olho bateria primeiro. Abri e vi a palavra "caminho". Aquilo ficou em nossa cabeça. A palavra caminho (do latim camminu), significa trajetória, rumo, direção e destino, assim como histórias de vida que são envolvidas também por trajetórias, rumos, direções e destinos. A palavra era então muito boa, precisava apenas de um complemento. Como nosso tema é fé e na igreja messiânica a palavra inscrita no ohikari (medalha usada pelos membros que lhes permite ministrar johrei) é o kanji de "luz", acreditamos que as vidas dessas pessoas que buscávamos eram envoltas pela palavra luz, cada uma em seu caminho. Nascia assim "Caminhos de Luz".

O pré-projeto

Depois de estudar bem o tema e nossos objetivos, demos início ao pré projeto, que seria avaliado por professores e coordenadores especialistas em comunicação, com o intuito de analisar a viabilidade do tema e do projeto dentro do curso de jornalismo. Com a orientação do jornalista Wagner Belmonte, iniciamos a pesquisa bibliográfica e do referencial teórico que dá base e sustentabilidade ao tema, tanto no âmbito da religião, quanto do jornalismo. Autores como Émile Durkheim, Jacques Derrida, Hans Hürgen Fraas e Rubem Alves, além é claro do fundador da Igreja Messiânica, Mokiti Okada são os referenciais explicativos da religião no âmbito da crença em si, como também no aspecto sociológico e psicológico da fé.

A fundamentação jornalística fica por conta de livros como "Os Elementos do Jornalismo" de Bill Kovach e Tom Rosenstiel, ícones do jornalismo americano, "Páginas Ampliadas" de Edvaldo Pereira Lima e "Teoria do Jornalismo" do maior nome do jornalismo brasileiro, José Marques de Melo. Como documentaristas estreantes foi fundamental também a presença da bibliografia técnica do documentário, com os livros "Roteiro de Documentário - da pré produção à pós produção" e "O documentário de Eduardo Coutinho".

Traçando o projeto detalhadamente, destacando a importância da cobertura da fé messiânica, com orientações semanais e tendo a preocupação de produzir um material jornalístico e imparcial e não institucional, finalizamos o pré projeto no dia 31 de maio, após muita correria, noites acordadas e reuniões na sala que mais parecia uma redação de jornal naqueles dias...

Com o projeto entregue fomos sabatinadas no dia 14 de junho por um jornalista, professor da faculdade e o coordenador geral da instituição, além de nosso orientador. Após quinze minutos de apresentação e 1 hora de questionamentos, o projeto foi autorizado com aprovação máxima por unanimidade. Alívio momentâneo e portas abertas pro documentário. Era só o começo!!!

Algumas imagens...

Todo projeto precisa de um estudo de campo. Sabendo disso, no mês de março inicaram as pesquisas in loco de "Caminhos de Luz", que nesse perído nem nome tinha, era apenas "nosso TCC". Tudo começa no Solo Sagrado da Igreja Messiânica Mundial do Brasil (IMMB), local onde está localizado o templo da igreja e um espaço de beleza e natureza para meditação. Com uma câmera fotográfica, começo a registrar alguns momentos de expressão de fé das pessoas ali presentes no culto mensal da igreja, além das áreas naturais e bonitas que não são poucas no Solo Sagrado.

O propósito do Solo Sagrado é ser o protótipo do Paraíso (de Deus) na Terra, o que explica tantas belezas naturais que trazem a qualquer um que ali vá, independente de crenças, paz e uma energia diferente. Esses estudos iniciais, já foram uma amostra do que estava por vir... muitas histórias emocionantes de fé, transformação e vida.

O Começo de um projeto de vida...

Caminhos de luz é o fim de um período de quatro anos do curso de jornalismo de três sonhadoras e o começo de uma carreira de três jornalistas que desejam acima de tudo mostrar à sociedade as pessoas em suas formas mais singulares... Pessoas diferentes mas especiais, que tem histórias para contar; protagonistas de realidades tão bonitas mas desconhecidas.

O tão temido TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) é um trabalho árduo, exaustivo, cronometrado e cheio de pedras no caminho. O formato escolhido, documentário, tornou tudo ainda mais complicado. Como é difícil ser jornalista documentarista. Tudo vai muito além do que dizia Glauber Rocha "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça".

O planejamento, que começou no fim de fevereiro deste ano, determinou nosso tema e objetivo: mostrar vidas de pessoas anônimas que tiveram as vidas transformadas pela fé. O recorte: a Igreja Messiânica Mundial do Brasil! Com mais de 300 mil membros no Brasil e mais de 2 milhões de frequentadores e simpatizantes no país, a religião de origem japonesa e que é difundida no mundo todo, é anônima na mídia impressa e televisiva. Conhecida pelo método do Johrei (transmissão da luz de Deus pelas mãos) e pelos constantes milagres, a religião fundada por Mokiti Okada (1882 - 1955) cresce a cada dia no país que é predominantemente católico e com forte influência protestante.

Com o intuito de mostrar ao público uma das novas religiões orientais e agregar aspectos desconhecidos da cultura brasileira, eu Fernanda Silvestre, Janaina Oliveira e Mauren Miranda, partimos em busca de personagens que tenham na fé sua maior fonte de vida, mostrando tudo isso em uma visão jornalística e de interesse público. Aplicando um dos conceitos fundamentais do jornalismo que aprendemos logo quando ingressamos na faculdade "Dar voz aos que não tem voz".

Temos certeza de que será uma grande e emocionante jornada!!!

Até a próxima!!!